Netanyahu visita Gaza e deixa aviso: "O Hamas continuará a sofrer golpe após golpe"
O primeiro-ministro israelita visitou as tropas no norte de Gaza esta terça-feira. De acordo com uma informação divulgada pelo seu gabinete, Benjamin Netanyahu avisou o Hamas que "continuará a ser duramente atingido" e insistiu na libertação dos restantes reféns.
A visita ao terreno acontece numa altura em que as tropas israelitas continuam a expandir o controlo do território no norte e sul de Gaza, no que dizem ser numa tentativa de pressionar o Hamas a aceitar as exigências israelitas para a libertação de mais reféns.
Ao mesmo tempo, o Hamas rejeitou uma proposta israelita para um cessar-fogo de seis semanas em Gaza que implicava a entrega das armas do grupo islâmico-palestiniano.
Um funcionário palestiniano familiar com as negociações disse à BBC que a proposta não apresentava nenhum compromisso relativamente à retirada das tropas israelitas no enclave em troca da libertação dos reféns – uma exigência essencial do Hamas.
Para além disso, esta é também a primeira vez que Israel adicionou o desarmamento do Hamas como condição para avançar com um cessar-fogo, o que constitui uma linha vermelha para o grupo.
"A proposta israelita transmitida ao Hamas através do Egito pedia explicitamente o desarmamento do Hamas sem qualquer compromisso israelita de terminar a guerra ou se retirar de Gaza. O Hamas, portanto, rejeitou a proposta na totalidade", disse o alto funcionário.
Esta última proposta de cessar-fogo israelita foi apresentada aos mediadores regionais no final da semana passada, poucos dias depois do encontro entre Netanyahu e o presidente dos EUA, Donald Trump, em Washington.
Impasse prossegue
O Hamas retomou as negociações com os mediadores egípcios e cataris no final de março, com vista a ressuscitar o cessar-fogo em Gaza. O acordo de tréguas foi quebrado a 18 de março por Israel, que acusou o Hamas de ter não estar a cumprir a sua parte do acordo.
Desde então, Israel e o Hamas estão num impasse, não chegando a um entendimento sobre como prosseguir o acordo de tréguas, cuja primeira fase terminou a 1 de março.
O Hamas quer passar à segunda fase do acordo, que prevê um cessar-fogo permanente, a retirada das tropas israelitas de Gaza, a retoma do envio de ajuda humanitária e a libertação dos restantes reféns.
Israel, por seu turno, exigia o prolongamento da primeira fase para que mais reféns sejam libertados, assim como a "desmilitarização" de Gaza e a saída do Hamas antes de passar à segunda fase.
Entretanto, também esta terça-feira, o braço armado do Hamas disse ter “perdido o contacto” com o grupo responsável pelo refém israeloamericano Edan Alexander, após um ataque aéreo ao local onde ele se encontrava, em Gaza.
Edan Alexander é o único americano vivo refém do Hamas e estava a ser utilizado pelo grupo armado como forma de pressionar Israel a chegar a um acordo. Se a morte de Alexander for confirmada, o Hamas perderá este “trunfo” e Netanyahu poderá intensificar os ataques em Gaza, o que preocupa os palestinianos.
Na área sul, ao longo da fronteira com o Egito, as forças israelitas estabeleceram um novo corredor e quase evacuou a cidade de Rafah, controlando assim uma área que representa cerca de 20% de todo o território de Gaza.